US WORKFORCE: A força de trabalho americana representada por 100 pessoas

Este foi o resultado do estudo National Occupational Employment and Wage Estimates, realizado pelo Bureau of Labor Statistics este ano, com base nos dados de 2022. Visualizar a força de trabalho americana como um grupo de 100 pessoas. Confira abaixo como ficou esta distribuição e tente encontrar a sua atividade neste cenário inusitado, mas que fala muito sobre a sociedade americana atual.

No ano de 2022 a população dos EUA era de 333 milhões. Desse total, cerca de 60% estavam empregados em vários empregos, cargos e setores da economia americana. Mas onde todas essas pessoas estavam trabalhando exatamente? Que trabalhos fizeram e que cargos ocuparam? Onde a maioria dos americanos faz sua jornada de trabalho?

Curiosamente, os dados contêm uma mistura de demarcações de informações. Alguns são específicos do trabalho (tipo de trabalho), alguns são baseados na posição (como Gestão) e alguns são divididos por indústria (Transportes e Saúde por exemplo).

Veja no infográfico acima como seria a distribuição da força de trabalho americana para um universo de 100 pessoas.

Quais são os empregos mais comuns nos EUA?

A grande maioria da força de trabalho americana (13 em 100) está empregada em funções administrativas e de escritório. Isso inclui uma variedade impressionante de empregos, tais como: recepcionistas, secretárias, revisores, assistentes administrativos e representantes de atendimento ao cliente, dentre muitos outros.

O setor que emprega o segundo maior grupo de pessoas é o de Saúde, respondendo por 11 pessoas em 100. Nesta categoria vemos uma combinação de dois setores listados no conjunto de dados original (profissionais de saúde e suporte de saúde) e que abrange toda a indústria: de médicos, cirurgiões, veterinários, enfermeiros e terapeutas a técnicos, assistentes, atendentes e auxiliares de cuidados pessoais e domésticos.

O terceiro empregador mais comum é, na verdade, um empate entre os setores de Transporte e Vendas. Ambos, empregando 9 das 100 pessoas. Uma observação interessante é que no setor de Vendas, duas das nove pessoas são caixas de estabelecimentos de varejo.

O quinto classificado é Alimentação, com oito pessoas, variando de chefs particulares a funcionários de restaurantes de fast food.

Confira o ranking total de todos os principais setores em que a maioria da força de trabalho da América trabalha e suas principais atividades.

Fonte : Bureau of Labor Statistics 2023.

A partir destes números, algumas nuances interessantes sobre a força de trabalho americana são reveladas. Por exemplo, há mais caixas (2) na economia americana do que artistas, escritores, designers e atletas juntos (1). Há o mesmo número de representantes de atendimento ao cliente que todos os campos Científico e Jurídico juntos (2).

Mas talvez a peculiaridade mais interessante venha de quão poucas pessoas estão empregadas na indústria agrícola, pesqueira e florestal, um setor primário crítico. Em dados brutos, o BLS estima em seu estudo que apenas pouco mais de 450.000 trabalhadores trabalhem no setor de agricultura, pesca e silvicultura (cultivo de madeira).

Remuneração

Você deve estar se perguntando sobre quais empregos oferecem os salários mais altos nos EUA, não é mesmo. Pois bem, segue a revelação do estudo;

As 20 atividades de empregos mais bem pagas por lá (considerou-se os salários médios anuais de cada atividade) pertencem a médicos (geralmente especialistas ou cirurgiões), CEOs e atletas.

Na outra mão, os empregos com salários mais baixos são uma mistura de artistas e funcionários de serviços e varejo.

Como uma categoria mais ampla, no entanto, a Administração movimenta mais dinheiro em salários, seguida pela área Jurídica e depois pela Tecnologia. Trabalhadores do setor de Alimentos, Apoio à Saúde e Custódia têm os salários mais baixos.

As mudanças na força de trabalho americana

Nos últimos cinco anos a força de trabalho americana não permaneceu estática. Bem pelo contrário. De todos os setores listados, 13 tiveram crescimento no número de empregos enquanto 9 tiveram queda e apenas 1 permaneceu estável desde 2018.

O setor com maior crescimento, de longe, é o de Apoio à Saúde (assistentes médicos, auxiliares de cuidados, enfermeiros, etc.), que cresceu 65%. Evidente que observar apenas o comparativo entre os anos de 2018 e 2022 não mostra a realidade da sua trajetória de crescimento: o emprego saltou entre 2018 e 2019, caiu brevemente em 2020 e, desde então, aumentou novamente em 2021-2022.

Outro grande empregador crescente é o setor de Transporte, subindo do 4º para o 3º maior empregador americano, superando o de Vendas em 2022. Negócios, Finanças e Gestão também tiveram aumentos constantes desde 2018.

Por outro lado, a Hospitalidade teve uma queda impressionante de 48% nos números, o que não surpreende, dado o impacto da pandemia do COVID-19, bem como a ascensão de empresas de tecnologia como o Airbnb.

Vale ressaltar que o trabalho de administrativo e de escritório teve uma perda de 15% de funcionários no período. Embora esta categoria ainda seja o maior empregador do país por uma margem significativa. Mesmo o setor registrando e sofrendo quedas constantes no número de empregos entre 2018 a 2021, ele registrou um leve aumento de trabalhadores entre 2021 e 2022. Efeito de uma retomada econômica pós-pandemia.

Confira na imagem abaixo os setores de maiores crescimentos e retrações em % de empregados americanos.

Futuro

Olhando para o futuro, as questões sobre o futuro da força de trabalho americana geram grandes reflexões, especialmente após a revolução da IA que vem varrendo a imaginação para atuar em funções repetitivas. E possivelmente impactará em breve a economia de forma significativa. As pessoas que ocupam cargos administrativos – o setor que mais empresa nos EUA – são as mais vulneráveis, pois muitas tarefas de escritório podem ser automatizadas com ferramentas de IA cada vez mais sofisticadas.

Será que a Inteligência Artificial será um fator tão dominante quanto a Revolução Industrial foi na economia global? Isso causará uma mudança tão grande quanto a terceirização da manufatura dos EUA causou?

Ou a IA se integrará perfeitamente à composição atual da força de trabalho americana, apenas aumentando a produtividade e o lucro? Embora seja uma possibilidade descartada pelos mais catastróficos, ela é sim, um caminho viável. Mas depende de como o caminho será percorrido até este futuro próximo.

E você? Em qual área atua? Se encontrou e se identificou com esta disposição de atividades em um universo de 100 pessoas? Evidente que a composição de nossa força de trabalho brasileira pode possuir alguns desvios deste retrato muito específico da economia americana. Porém, a provocação maior aqui é a de que, assim como lá, aqui também iremos nos deparar logo mais com os impactos das Inteligências Artificiais na substituição e automação de muitas atividades que hoje ainda empregam muita gente. Quem sabe em um novo olhar sobre os próximos 5 anos tenhamos revelações surpreendentes a respeito.

Mas até lá, vale se preparar, desenvolver novas habilidades e fazer, mesmo que contra a vontade da Sarah O’Connor, amizade com as máquinas. Pois nos próximos 5 anos, isto pode fazer uma grande diferença, com ou sem a rebelião das máquinas.

Artigo produzido por Alexandre Conte sobre a tradução e fundamentação do estudo National Occupational Employment and Wage Estimates, realizado pelo Bureau of Labor Statistics e disponibilizado pelo Visual Capitalist.