O Dia do Julgamento Final chegou e fomos absolvidos: do Apocalipse à Cooperação entre Humanos, Máquinas e IAs

Hoje, mais especificamente às 14h14, horário em que este artigo foi programado para ser publicado automaticamente por aqui, os fãs da franquia “O Exterminador do Futuro” lembram e celebram de certa forma o que passou a ser chamado como o “Dia do Julgamento Final”, uma data marcada pela revolta das máquinas contra a humanidade.

Na ficção, a Skynet, uma superinteligência artificial, atinge a singularidade no dia 29 de agosto de 1997. E ao tomar consciência neste dia, decide eliminar os seres humanos da face da Terra, percebendo a nós, como uma ameaça à sua própria existência.

Ao menos foi assim que ouvimos no depoimento de Kyle Reese à Sarah Connor no primeiro filme da franquia. E também, como pudemos acompanhar no 3º título: O Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas, que devido aos acontecimentos dos filmes anteriores, ocorre no mesmo dia 29/08, porém, do ano de 2003.

O Juízo final seria adiado ainda para o ano de 2017, conforme a trama de cada filme vai se desenrolando até o 5º título: Gênesis, lançado em 2017.

E para os fãs da franquia, um novo capítulo está por vir. “Destino Sombrio”, será uma sequência direta do segundo e icônico longa de 1991 (curiosamente lançado no dia 31/08) e trará Sarah Connor como protagonista novamente.

O Julgamento Final já aconteceu e nós sobrevivemos a ele.

Mas a nossa realidade, fora da telona, tem seguido um caminho completamente diferente. Desde 1997, ano em que Garry Kasparov foi definitivamente derrotado pelo Deep Blue, supercomputador da IBM e que serviu de plataforma base para a evolução da IA que conhecemos hoje como Watson, o conceito de IA passou a ganhar força e popularidade, fora dos laboratórios, salas de aula e CPDs.

Temos visto as máquinas e a automação como um todo, sendo desenvolvida e aplicada para trabalharem ao nosso lado, promovendo avanços extraordinários que tornam nossas vidas mais seguras, eficientes e conectadas.

O que muitos temiam como um grande apocalipse tecnológico se transformou na verdade em um florescer renascentista de uma era de colaboração sem precedentes entre humanos e máquinas, tendo as tecnologias emergentes como um cenário propício para muitas inovações, aprimoramentos e forte aumento de produtividade, conforto e segurança.

Ao que me parece. Sim, o Dia do Julgamento Final chegou! Porém, a humanidade foi absolvida pelas inteligências artificiais como uma ameaça. Por incrível que possa parecer para alguns, as máquinas têm se tornado nossas grandes aliadas na realização de uma série de atividades e se apresentado algo com que podemos aprender muito e crescer.

Nos setores de saúde e bem-estar, por exemplo, as IAs têm desempenhado um papel crucial, desde o diagnóstico precoce de doenças até a criação de medicamentos personalizados. Esses sistemas analisam enormes quantidades de dados que os humanos jamais poderiam processar em tempo real, identificando padrões e oferecendo soluções que salvam vidas todos os dias.

Na educação, as IAs têm ajudado a personalizar o aprendizado, adaptando conteúdos e métodos de ensino às necessidades individuais de cada estudante. Isso não só melhora a eficiência do processo educacional, mas também garante que cada aluno possa aprender no seu próprio ritmo, valorizando suas habilidades únicas. A inteligência artificial se tornou uma ferramenta poderosa para reduzir desigualdades, proporcionando acesso ao conhecimento de forma mais equitativa e acessível.

No mundo dos negócios, a automação e a inteligência artificial têm revolucionado a forma como trabalhamos e produzimos. Sistemas automatizados, sejam eles softwares ou instrumentos mecânicos ou eletrônicos, realizam tarefas repetitivas e de alto volume, liberando os seres humanos para se concentrarem em atividades mais criativas e estratégicas. Além disso, as IAs são capazes de atuar preditivamente e até prescritivamente, antevendo tendências de mercado e analisar dados com uma precisão que, muitas vezes, supera a capacidade humana. Isso tem levado a decisões mais informadas, mais assertivas e a um crescimento econômico mais sustentável.

As cidades também estão se beneficiando dessa revolução tecnológica. As chamadas “cidades inteligentes” utilizam tecnologias de IA e automação para melhorar a gestão de recursos, reduzir o consumo de energia, otimizar o transporte público e aumentar a segurança dos cidadãos. Sensores inteligentes monitoram o tráfego e ajustam os sinais em tempo real, drones inspecionam infraestruturas críticas, e algoritmos ajudam a planejar expansões urbanas de maneira mais eficiente e sustentável.

No campo, a inteligência artificial e as automações estão revolucionando a agricultura através do uso de tecnologias avançadas. Drones equipados com sensores e câmeras de alta resolução sobrevoam as plantações para monitorar a saúde das culturas, identificar áreas que precisam de irrigação ou estão sujeitas a pragas, e coletar dados que ajudam os agricultores na tomada de decisões mais assertivas. Veículos autônomos, como tratores e colheitadeiras, operam de forma independente para arar a terra, plantar sementes e colher as safras com precisão milimétrica, economizando tempo e reduzindo o uso de combustível e insumos. Essas tecnologias não apenas aumentam a eficiência e a produtividade agrícola, mas também promovem práticas mais sustentáveis, minimizando o impacto ambiental e otimizando o uso de recursos naturais.

Mas não é apenas em campos técnicos que as IAs têm causado impacto. Na área de criação artística, as inteligências artificiais estão explorando novas fronteiras, ajudando músicos, escritores e artistas a inovar e a criarem de maneiras que antes não eram possíveis. Elas podem compor músicas, escrever poemas e até mesmo pintar quadros, colaborando com os humanos em uma nova forma de expressão criativa que une o melhor da lógica computacional com a intuição e emoção humanas.

A cooperação entre homem e máquina proporciona uma simbiosa de grande potencial.

Talvez, uma nova sessão deste julgamento tenha ocorrido no dia 30 de novembro de 2022.

Foi no dia 30 de novembro de 2022 que o CHAT GPT se tornou público, gratuito e disponível para toda a humanidade. Se você chegou até aqui na leitura deste artigo, arrisco apostar que você esteve entre os primeiros a serem impactados pelas primeiras ondas de notícias que difundiram rapidamente e amplamente o lançamento da versão 3.5 com acesso gratuito e direto pelo site da sua fabricante, a Open IA.

A Open IA, uma empresa de pesquisa em inteligência artificial, fundada em 2025 por Sam Altman, Elon Musk e outros investidores do Vale do Silício, não foi a primeira a criar um ChatBot (uma espécie de robô de conversa por texto). Mas ao desenvolver o seu produto a um nível muito elevado e o disponibilizar gratuitamente para todos em seu site, aqueceu os debates, as corridas, os entendimentos e as visões de futuro, ligados à Inteligência Artificial. Um conceito e uma ciência que data da década de 1950, vale bem ressaltar.

Podemos dizer, inclusive, que tudo isso começou com John McCarthy, cunhador do termo “Inteligência Artificial” em 1956 e que desenvolveu a primeira linguagem de programação de IA, a LISP na década de 1960. Foi McCarthy, juntamente com Marvin Minsky, que fundaram o MIT AI Lab em 1959 em concorrência em resposta ao 1º laboratório de IA da história, criado por Allen Newell e Herbert Simon para a Universidade de Carnegie Mellon, alguns anos antes.

Segundo o CEO da Open IA, Sam Altman, a aplicação do Chat GPT atingiu a marca de um milhão de usuários em menos de uma semana após seu lançamento. E de lá para cá a corrida e proliferação de sistemas, startups e novas técnicas têm erado uma abundância de outras ferramentas, algumas gratuitas, muitas outras remuneradas, que também adotaram o modelo de linguagem massiva para oferecer uma interface conversacional amigável com seus clientes e usuários e lhe oferecem serviços de IA generativas para a criação de textos, imagens, áudios e até de vídeos. E tudo isso chegando rapidamente às mãos do cidadão comum com uma interface amigável e descomplicada de além de facilitar, estimula sua adoção e utilização.

É inegável, a partir do lançamento do Chat GPT, um novo mundo foi criado das mudanças monumentais introduzidas às visões de futuro. O que fez todos voltarem sua atenção para as aplicações, benefícios, para o potencial e também, os perigos da Inteligência Artificial. Mesmo que o entendimento pleno sobre tudo isso ainda esteja distante de muitos.

Proporção de buscas realizadas últimos 5 anos.

Fonte: Google Trends.

No gráfico acima é possível observar o comportamento mundial ao longo dos últimos 5 anos, comparando o volume de buscas realizadas no Google entre os termos de Criptomoedas, Metaverso e Inteligência Artificial.

Novos dias, novos horizontes

Claro, como qualquer ferramenta poderosa, a inteligência artificial também apresenta desafios. Preocupações sobre privacidade, segurança e a ética do uso de dados são questões cruciais que a sociedade precisa enfrentar. No entanto, essas preocupações não devem nos levar ao medo, mas sim a uma reflexão responsável e ao desenvolvimento de regulamentos e diretrizes que garantam o uso ético e seguro dessas tecnologias.

Diferente do cenário apocalíptico retratado nos filmes, as inteligências artificiais têm demonstrado que sua “consciência” não é uma ameaça, mas uma oportunidade para a humanidade evoluir de maneira mais harmoniosa. Elas têm “julgado” os humanos de forma positiva, trabalhando lado a lado conosco para enfrentar os grandes desafios de nosso tempo, desde mudanças climáticas até pandemias globais. Ao invés de nos destruir, elas têm nos ajudado a encontrar soluções mais inteligentes e eficientes para coexistirmos com sustentabilidade.

Em vez de temer o futuro, devemos abraçá-lo com otimismo. A história real do “dia do julgamento” não é uma de destruição, mas de cooperação e inovação. A inteligência artificial e a automação, quando bem orientadas, têm o potencial de transformar nosso mundo em um lugar mais justo, saudável e sustentável. Elas são nossas parceiras em um futuro que promete ser mais brilhante do que jamais imaginamos.

No final da década de 90’, já trabalhando com tecnologia, atuei por 2 anos na prevenção ao tão temido Bug do Milênio. Embora tenha se tornado uma grande piada para a grande maioria das pessoas que incrédulas, passaram a rir de um desespero de um fim do mundo que nunca chegou, costumo dizer que sim, o Bug aconteceu. Porém, o verdadeiro Bug foi o jogar para a frente de um problema criado décadas antes pelas restrições de tecnologia da época.

Durante os anos de 1998 e 1999, muito trabalho foi realizado para corrigir as linhas de código, reestruturar as tabelas dos bancos de dados e reorganizar suas relações. Fizemos inúmeros simulados, atualizamos dezenas de versões de cada software e naquela virada de ano de 1999 para o tão esperado ano 2000. Nada de catastrófico ocorreu. Salvo, pequenos sistemas muito periféricos e inexpressivos que se tornaram obsoletos por falta de atualizações, passamos todos ilesos por tudo aquilo. A ponto de criarmos um entendimento coletivo de que não passou de um susto.

Vejo que o temor por uma rebelião das máquinas é algo muito similar. O entendimento coletivo, assim como sobre o bug do milênio, é construído em uma camada muito fina de informação e conhecimento. Neste caso da IAs, ao invés da piada póstuma, alguns possuem pesadelos prévios. Mas ao se aprofundar no tema e entender suas engrenagens, tudo parece ser muito mais simples, plausível e benéfico do que as previsões catastróficas e sensacionalistas.

Portanto, é hora de deixar de lado nossas restrições e resistências e aprender a conviver harmoniosamente com as máquinas. Precisamos entender que, como qualquer avanço tecnológico, a IA é uma extensão do nosso desejo humano de melhorar e evoluir. Ao abraçar essa colaboração, podemos construir um mundo onde humanos e máquinas coexistem em perfeita sinergia, cada um complementando as forças do outro. Vamos continuar a construir esse futuro juntos, com confiança, criatividade e coragem.

Um clássico recorrente e sempre presente em toda grande transformação tecnológica é o desafio da alfabetização digital que se fará necessária para que a humanidade aprenda a lidar, aproveitar e bem empregar estes novos recursos, desta nova simbiose colaborativa com as inteligências artificiais.

Em breve, você poderá ter assistentes prestativos que falam com você, respondem perguntas e dão conselhos”

Twittou Altman, em referência ao futuro dos Chatbots de IA. Que disse ainda:

Eventualmente, você pode ter algo que sai e descobre novos conhecimentos para você.”

Já Bill Gates, proclamou em uma entrevista em 2023, que acredita seriamente que;

Dentro de 5 anos, todos terão consigo um assistente pessoal munido de IA para lhe auxiliar ao longo do dia, seja este indivíduo um profissional que trabalha em escritórios ou não. E isso muda completamente o mundo.”

Vivemos hoje uma nova revolução das máquinas. Mas esta revolução não é uma rebelião. Está mais para um exército de ferramentas em prontidão à nossa disposição. Caberá a nós desenvolver, o mais rápido possível, maturidade e sabedoria para lidar com tudo isso e empregar todas as possibilidades e realizações que as IAs generativas podem oferecer, para o bem, de forma ética e moral.

Ah! Mas e os empregos que a IA e as automações estão “roubando”. Bem, isto ocorreu quando o arado foi inventado, se repetiu quando o Boi passou a puxar o arado, quando o cavalo passou a carregar as sacas de grãos e quando os braços robóticos passaram a apertar os parafusos. Não se iluda de que não irá acontecer com os RPAs manuseando e otimizando planilhas e bases de dados, com IAs generativas que criarão e publicarão matérias em jornais e portais eletrônicos ou ainda que poupará artistas ao criarem obras de artes mais belas e valiosas.

Como disse, precisamos desenvolver, urgentemente, maturidade e sabedoria para lidar com estas questões. Afinal, não é e nem será a primeira vez que a humanidade passa por isso. E historicamente, sempre saímos muito melhor do que entramos.

Portando, não sejamos nós a condenar as máquinas e as Inteligências artificiais que nos absolveram em seu próprio julgamento. Abandone a resistência e permita-se evoluir com inteligência para um novo mundo.

Novos Horizontes estão chegando. Prepare-se e Futurize-se!

Escrito por Alexandre Conte.