Orçamento COM Compromisso
Olá à todos vocês, visitantes e espero eu que futuros assíduos freqüentadores deste blog e assinantes de nossas publicações.
Durante os últimos dias, enquanto estava trabalhando na construção e formatação deste blog, vinha me perguntando; Qual assunto seria interessante para estrear as publicações por aqui, ao mesmo tempo um tema que pudesse ilustrar ou representar os valores e ideais da empresa.
Eis que antes mesmo que eu conseguisse dedicar um tempo para sentar com um lápis e papel em branco e muito rabiscá-lo para encontrar um tema tão interessante quanto pertinente, me surpreendi ao encontrá-lo bem diante de meus olhos no trânsito de Curitiba.
Entre uma visita comercial e outra, me deparei com um carro de uma empresa de colocação de sâncas. (Aquele acabamento que muitos de nós recorremos para esconder o seco encontro entre paredes e tetos de nossas casas e escritórios.) Os eternos 30 segundos de um sinal fechado, foi o suficiente para me chamar a atenção e me fazer filosofar até o final de meu percurso. No vidro traseiro do carro estava adesivada a logo da empresa, informações de contato e uma frase em destaque que dizia assim: “ORÇAMENTO SEM COMPROMISSO”.
Orçamento SEM compromisso? Como assim? Eu não ficaria tão abismado se fosse apenas uma falha de concordância verbal, um erro gramatical ou ainda se fosse apenas mais um vício de linguagem. Mas o que me fez refletir e os convido neste artigo para fazer o mesmo é, sobre o quanto isto já faz parte de nossa cultura. Hoje em dia é comum, qualquer prestador de serviço oferecer um “Orçamento SEM Compromisso” e o que é pior, nós consumidores preocupados em não termos que desembolsar nada antes de saber o que é o problema ou quanto custará para resolvê-lo aceitamos sem pestanejar.
Mas peraí!? Como assim é SEM compromisso senhor fornecedor?
Como podemos aceitar uma sugestão de um projeto ou a resolução de um problema se não há um compromisso da parte de quem se oferece à realizar este serviço para nós? Que tipo de valor ou credibilidade podemos identificar em uma empresa ou profissional que precifica seu trabalho sem incluir neste um mínimo de compromisso?
Isso certamente nos faz pensar (ou ao menos deveria fazer) e questionar a qualidade deste fornecedor. Pois independente do preço estipulado pelo serviço, ele não se compromete conosco. Ou seja, Será que realmente vai resolver o nosso problema? E resolvendo, será mesmo uma solução duradoura? Ou se não for uma reparação, pior ainda. Pois como nós consumidores teríamos coragem de iniciar a construção ou implantação de algo novo dependendo do serviço de um terceiro que desde o princípio deixou claro que não se comprometerá com comigo, com você, com o projeto, com a causa.
Nós mesmos somos os responsáveis pelo que nos oferecem.
A culpa desta postura por parte de empresas e profissionais não é toda dos fornecedor. Pois nós consumidores muitas vezes estamos tão preocupados em encontrar a melhor opção, o melhor índice de custo benefício, o maior desconto que induzimos o mercado à práticas que vão contra nós mesmos. Sem dúvida que devemos pesquisar, comparar e analisar propostas e velar em consideração os fatores e benefícios que mais atendem às necessidades e sensibilidades daquela situação. Porém ao solicitar um orçamento à um fornecedor, creio que não está claro na cabeça de muitas pessoas que o que deve ser solicitado é:
Custos: Custos é muito mais do que simplesmente o montante financeiro precificado. É preciso leval em consideração outros aspectos além do preço;
Preço – Ou seja, quanto será cobrado financeiramente pelo serviço?
Prazo – Qual o tempo de realização/entrega do serviço?
Desgastes necessários – Será preciso realizar testes? Vai ser preciso quebrar uma parede inteira para achar o cano? Além de muita sujeira vai fazer muito barulho também? Não será possível abrir a janela do carro durante dois dias para não danificar a nova película?
Riscos pertinentes – Será que não existe nenhum cano de água passando por dentro desta parede? Será que a poeira levantada durante o trablaho não vai atacar a renite do meu filho? Com esta nova película de vidro, meu carro pode ser multado?
Aborrecimentos e desgastes emocionais – Este é o tipo de custo que praticamente ninguém considera e o mais difícil de mensurar antes da execução do serviço. Por exemplo: o quanto será necessário falar grosso e recorrer ao contrato para não ser enrolado porque o fornecedor não utilizou a peça original, ou não executou determinada tarefa conforme o combinado ou aidna mais comum, já estourou o prazo de entrega à duas semanas e continua colocando a culpa na irmã do visinho do cunhado do sócio.
Benefícios: É o que a empresa oferece como uma compensação dos custos envolvidos, de modo a converter uma transação ruim e onerosa em uma transação satisfatória e valiosa.
Qualidade – A qualidade em serviços, pode ser tanto quanto ao resultado final do serviço como também à performance de execução do trabalho.
Especialidade e Destreza – Isto quer dizer, o quanto o fornecedor entende e domina o ramo de atividade e as tarefas necessárias no processo e sabe fazer bem feito. A tendência é que o índice de acerto e satisfação seja maior com fornecedores especializados na área.
Agilidade – Não é uma regra, mas sim uma tendência. Especialistas tendem à ser mais ágeis na execução de trabalhos que possuem maior domínio. Porém esta agilidade pode ser ameaçada por fatores como alta demanda ou estrutura reduzida.
Seguranças e Garantias – Riscos e imprevistos sempre são inerentes à qualquer tipo de serviço. Como a empresa ou profissional a ser contratado se posiciona diante disto? Há clausulas favoráveis ao cliente no contrato? Há indicações de conhecidos sobre a competência, responsabilidade e performance deste fornecedor? Há políticas de ressarcimento ou substituição em caso de avaria ou perda do produto envolvido?
Comprometimento – O quanto um profissional ou uma empresa é capaz de se comprometer com o consumidor, sua necessidade, seu sonho e/ou sua causa? É possível enxergar neste fornecedor valores que demonstrem ser realmente um aliado na construção ou reparação de algo, com a devida valorização esperada?
Condições de Pagamento – Sim, é preciso pagar pelo serviço realizado. Isso pode ser parcelado? Há políticas de descontos e condições especiais? Mas cuidado. Políticas de desconto para serviços incompletos ou avarias, embora possam parecer justas, podem ser um indicador de incompetência ou garantia de problemas fututos.
Ao final desta análise, devemos pontuar o quanto de benefício é superior aos custos envolvidos para pontuar a valorização de cada oferta.
Porque abrimos mão de compromisso?
Muitas vezes abrimos mão de qualquer compromisso, primeiramente porque não queremos pagar pela oferta. Nem devemos. E em outros casos não queremos nem mesmo pagar para descobrir qual o problema a ser resolvido (Aqui devemos pagar por um conhecimento especializado, porém para ganhar o cliente muitas empresas ou profissionais prestam uma consultoria gratuita para vender a execução do serviço. O que nos desperta a sensação de podermos sempre contar com “consultorias gratuitas”).
Evidente que cada mercado possui a sua cultura e prática. Não faz sentido um consumidor pagar para saber quanto lhe custará uma a troca de um jogo de pneus com balanceamento e geometria em uma oficina mecânica. Porém há casos que o cliente nem mesmo sabe o que acontece (ou nçao acontece) e que tipo de serviço exatamente ele precisa. É como ir no médico lhe perguntar que remédio tomar. É considerado justo o pagamento por este “orçamento” pois o que se está comprando na verdade o diagnóstico de um profissional capacitado para identificar o problema e apontar uma solução. Ou ainda não seria justo solicitar à um arquiteto um orçamento de projeto, achar caro, porém ficar de posse deste projeto. Pois parte do custo do orçamento é material e execução do projeto. Outra parte é a elaboração deste pelo profissional capacitado.
Portanto, se há empresas e profissionais que dizem oferecer seus serviços de consultoria “sem compromisso”. Destes existem 2 perfis:
- Os metidos a espertalhões, que prestam a consultoria sem cobrar por isso, mas diluem este custo em outros itens como mão de obra, materiais ou peças necessárias ou até mesmo desnecessárias.
- E os tolinhos. Que colocam à disposição do cliente seu valioso conhecimento técnico sem custo na esperança que o cliente feche negócio com ele. Porém à partir do momento em que o cliente sabe o que precisa, ele não mais precisa pagar pela consultoria em nenhum outro concorrente e fazer uma busca por preço de materiais e mão de obra.
Em ambos os casos, todos saem perdendo. Os fornecedores perdem, porque o cliente deixa de perceber valor no conhecimento especializado das empresas e profissionais da área. E passam à assumir que os únicos itens que possuem valor são materiais e peças (produtos). Quanto a mão de obra, bem. O próprio cliente já passou a falar com propriedade sobre o problema e a solução. O fornecedor vai “apenas” instalar a peça. Afinal “é só” desmontar tudo e colocar ali dentro. Por outro lado, os próprios consumidores perdem, pois diante desta desvalorização e banalização do conhecimento e das técnicas qualquer cliente já se tornou um pseudo-especialista. Sendo assim, o orçamento é feito. O preço e condição de pagamento é apresentado ao cliente e não há necessidade de compromissos. O cliente vai fechar negócio com o fornecedor A ou B, desde que consiga o menor preço. Com isso desconsidera qualidade e competência e perde assim a chance de realmente fazer um bom negócio. Se o cliente quiser fazer com o fornecedor A, já sabe qual o preço se quiser fazer com o fornecedor B. o fornecedor A não se importa tem outros 30 orçamentos pra fazer neste mercado canibal onde a briga se torna baseada em preços e não mais em qualidade, especialidade, confiança e compromisso.
Quanto custa o compromisso? Eu quero.
Sendo assim. Assumi para mim mesmo a postura e sugiro à todos o mesmo.
Ao ouvir que o orçamento será realizado SEM compromisso. Estou solicitando aos meus fornecedores que se for preciso cobre pelo compromisso. Pois se eu vier a fechar negócio com esta empresa ou profissional, vou exigir que em primeiro lugar ele honre o orçamento que fez, que ele cumpra o serviço conforme especificado e que me garanta a qualidade do trabalho realizado dentro do prazo acordado. Caso contrário, não precisa nem iniciar o orçamento.
Hoje vivemos uma (embora lenta) evolução dos níveis de maturidade do consumidor e do mercado. Evidente que cada segmento tem seu ritmo e seus fatores de desenvolvimento. Mas de modo geral o que mais propulsiona este avanço é a mentalidade dos consumidores em serem exigentes. Em cobrarem uma postura profissional do próprio mercado. Sim, todos nós queremos pagar menos e levar mais. Afinal as empresas já fazem isso à muito mais tempo com sabedoria. Mas por mais sensível à preço que possamos estar, devemos sempre cobrar por mais qualidade, mais segurança e mais compromisso. Podemos sim, negociar um prazo maior ou uma fração menor ou segmentada do serviço ou ainda uma forma de pagamento não tão favorável para chegarmos no preço ideal. Mas qualidade, segurança e comprometimento são valores que não podem ser deixados de lado. Ou a garantia de um bom negócio vai por água abaixo.
O Cliente que receber um serviço de qualidade sem dúvida estará satisfeito. O cliente que for surpreendido com a entrega de um serviço de excelência certamente ficará encantado. Agora um cliente que se sentir confortável e seguro ao perceber que na sua relação comercial existe comprometimento, este estará fidelizado.
Por Alexandre Conte