10 anos de Amazon no Brasil

Em uma quinta-feira de dezembro, mais especificamente no dia 06 de dezembro de 2012, a Amazon inaugurava no Brasil sua loja online com operação própria e o tão esperado domínio amazon.com.br. E neste marco de 10 anos de operação do e-commerce da gigante da Internet aqui no país, podemos olhar para trás e ver o quanto o mercado brasileiro e a Big Tech americana se desenvolveram. E é difícil imaginar que o amadurecimento e crescimento do mercado eletrônico brasileiro não tenha sido impactado e acelerado pela presença e atuação deste grande varejista.

Em 2012 ao iniciar sua operação no Brasil, o site ainda era limitado a um portfólio de livros digitais. Assim como a empresa surgiu para o mundo lá em 1994, foi com o seu produto mais básico que o time de Jeff Bezos deu um primeiro passo no desbravar de um novo mercado, replicando os mesmos passos do início do negócio. O que demonstra processo, método, consciência e cautela na expansão do negócio, principalmente para uma operação de e-commerce em um país vasto e de proporções continentais como o Brasil. Desde junho daquele ano porém, a Amazon já oferecia o seu e-reader para livros digitais, o Kindle. E recebia a sua versão brasileira da “Loja Kindle”, um aplicativo disponibilizado gratuitamente para smartphones, tablets e computadores que permitia comprar, baixar e ler obras do seu imenso acervo digital. Vale lembrar que a loja já inaugurou com uma lista farta de títulos gratuitos, que auxiliavam no incentivo de adoção mais rápida do dispositivo e em dezembro ganhou a forma de e-commerce com o endereço www.amazon.com.br, batizando-se na Internet brasileira.

De lá para cá o foguete foi trocando de estágios e ligando novos propulsores enquanto subia seus números e ganhava o coração e preferência de muitos brasileiros. Dois anos depois, em 2014 o site passaria a oferecer então, livros físicos para o mercado, dando início a um movimento logístico que só cresceria nos próximos anos. Com 5 anos de atividade, em 2017 a empresa passa a comercializar uma variedade de outros produtos. Embora ainda limitados em algumas categorias, a lista de departamentos e sessões do site não parou de crescer de lá para cá. E foi em 2019 que a sua assistente Alexa foi lançada oficialmente no Brasil e em português, junto com as caixas de som da linha Echo.

Ao longo deste processo, o que surgiu como uma loja de e-Books, foi se desdobrando em um grande marketplace que já figura entre os maiores do país. Segundo o relatório mais recente da Conversion referente a outubro de 2022, a Amazon já ocupa o 3º lugar no ranking de market share do e-Commerce no Brasil com 6,9% de toda a audiência nacional para o formato, ficando atrás apenas do líder Mercado Livre [14,1%] e da Shopee [10%] e desbancando grandes players mais antigos e tradicionais da Internet Brasileira como Americanas [4,4%] e Magalu [4,3%] que seguem em 4º e 5º lugares respectivamente.

A empresa já conquistou também a posição de marca mais lembrada pelos brasileiros quando o assunto é “Importados”, com 52% de participação na mente dos consumidores, o famoso, Mind Share. Uma conquista importante para o posicionamento e presença da marca que completa hoje sua primeira década de presença oficial por aqui. Mas ainda terá um trabalho duro pela frente para desbancar a argentina Mercado Livre, que é a queridinha dos e-shoppers brasileiros quando o assunto é volume de acesso mas é lembrada por apenas 27% do público quando o tema é varejo. Enquanto a Mercado Livre se mantém com um volume de acessos mensais acima de 300 milhões de visitas, a Amazon flutura na faixa de 120 a 180 milhões de visitas por mês. E no meio deles ainda há a Shopee com cerca de 190 a 230 milhões de acessos mensais.

Logística, logística e logística

No mercado imobiliário existe uma máxima conhecida por investidores experientes e iniciantes, a de que para se realizar um bom e rentável investimento é preciso olhar para 3 pontos de atenção:

Localização, localização e localização.

Costumo levar este conceito do mercado imobiliário e financeiro para a sala de aula quando falo de e-commerce. Por mais sedutor seja montar campanhas de marketing e de atração de tráfego, por mais encantador seja trabalhar na arquitetura, visual e usabilidade do site, o sucesso e o fraco do e-commerce travam batalhas diárias onde quase ninguém vê. Nos centros de distribuição, no tamanho do estoque, na mobilidade e agilidade de movimentar cargas, dentro da carroceria dos caminhos que rodam todo o Brasil e mais inclusive na badalada “Last Mile”, ou seja, naquela última etapa de entrega que contribui para o cumprimento dos prazos mais competitivos e fazem muitas vezes a diferença entre um concorrente e outro. Para isso eu costumo dizer que no e-commerce em analogia a máxima imobiliária, também temos um mantra sobre os 3 pontos de maior atenção de uma operação de e-commerce:

Logística, logística e logística

A Amazon, sabendo disso como ninguém. Ou talvez como o Walmart, o maior varejista do mundo e o único a estar a frente da Amazon neste quesito. Entrou em uma nova fase de crescimento nos últimos anos, colocando em prática seu plano de acelerar a operação brasileira com uma robusta e eficiente capacidade de distribuição logística. A empresa saiu de 1 centro de distribuição em 2020 para 12 em 2022, em um ritmo de marcha, abriu 11 novos centros de distribuição pelo país e vem se colocando na linha de frente diante de Mercado Livre e Magalu na disputa por entregar mais rápidas. O prazo de entrega, assim como a adesão ao plano de assinatura que estimula uma maior fidelidade e com isso maior frequência de recompra, tem sido um dos principais fatores de influência, ao lado do custo do frete, obviamente, para a decisão de compra do consumidor eletrônico brasileiro.

E indícios de que a gigante da Internet domina este setor como poucos é o seu sucesso de vendas e seu posicionamento nos rankings de mercado, mesmo possuindo ainda estruturas e capilaridades menores do que alguns de seus principais concorrentes. Mesmo com a expansão e com planos de continuar investindo em novos centros, a quantidade de CDs da Amazon ainda é menor do que as 30 unidades da VIA, empresa detentora das marcas Casas Bahia e Ponto. Americanas S.A e B2W (Americanas.com e Submarino) possuem um total de 25 centros combinados. Enquanto a operação da Magazine Luiza dispõe de 24 CDs. Por curiosidade, o líder do e-commerce brasileiro, Mercado Livre, domina o território com um total de 10 unidades, além de uma frota própria que envolve pequenas VANs até jatos de grande porte que cruzam o país diariamente.

Um modelo inteligente e diversificado de negócio

A Big Tech não vive apenas de entregas de produtos. A companhia possui uma diversificação estratégica em seu modelo de negócio que assegura receitas recorrentes em conjunto com as receitas oscilantes de comércio, além de também atuar em nichos diferentes, o que oferece maior segurança, mesmo em tempos de instabilidades.

Olhando os resultados do ano passado ilustrados abaixo, podemos entender a origem e a proporção de cada uma de suas principais unidades de negócios.

No ano de 2021 a empresa registrou a marca de US$ 469 bilhões em receita com 33 bilhões de dólares em lucros líquidos. E a composição destes números vem do combinado de diferentes negócios, que ainda possuem na venda online a maior e mais importante fatia, com 47% das receitas. Serviços de Vendedor de Terceiros (Third-Party Seller Services), AWS, Assinaturas, Lojas Físicas e Publicidade são outras origens que enriquecem o bolo.

E o mais impressionante é que ao obserar a curva de resultados dos últimos 7 anos, mesmo com diferentes ritmos o crescimento é constante no histórico.

Detalhamento da composição de receita da Amazon em 2021

$ 222.0B – Lojas online

$ 17.0B – Lojas físicas

$ 103.3B – Serviços de Vendedor Terceirizado

$   31.7B – Serviços de assinatura

$    62.2B – AWS

$    31.1B – Publicidade

$      2.1B – Outros

Escrito por Alexandre Conte.

Publicidade