Principais temas do NRF 2023
Artigo publicado originalmente em minha Newsletter do Linkedin. Clique no botão ao lado para assinar e acompanhar outras publicações como esta que saem primeiro por lá, no Lilnkedin e depois são publicadas aqui no blog.

Guardei este artigo para os últimos instantes para que pudesse estar o mais conectado possível com todos os acontecimentos, notícias e claro, as tendências que todos querem saber.
O NRF 2023
Se assim como eu, você não está em Nova York nem conseguiu um convite especial para a festa de abertura do NRF Retail’s Big Show, que acontece logo mais, então, nos resta preparar a agenda, polir as antenas e carregar os radares, escolher os melhores canais, influenciadores e fontes que farão a cobertura e resumo dos principais temos, cases, tecnologias e movimentos que acontecerão na 113ª edição deste que já se tornou a maior feira mundial de varejo e um dos maiores eventos do setor do mundo. Este ano o NRF acontece entre os dias 15 e 17 de janeiro na megaestrutura do Centro de Convenções Javitz, já tradicional casa do evento em Nova York.
E a expectativa é ainda maior para este ano, pois é a primeira edição após o enorme impacto causado pelas transformações globais provocadas pela pandemia de COVID-19 no setor varejista e de como pessoas, consumidores, empresas e marcas se adaptaram e se desdobraram durante este período e também, para tudo o que veio e ainda virá após. É um grande consenso entre estudiosos, gestores, especialistas e profissionais da área de que os últimos anos foram de muito aprendizado para todo o mercado varejista de todo o mundo. Portanto, não há dúvidas de que esta edição trará uma doze extra de muito conhecimento, expertise e amadurecimentos.
Contando com mais de 350 Speakers e mais de 175 palestras, o NFR 2023 traz como tema central:
AVANÇAR
Avançar por um varejo cada vez mais inteligente, tecnológico e inovador.

Sendo assim, resolvi compilar e dividir com você alguns entendimentos prévios ao evento que realizei ao longo das últimas semanas, acompanhando e estudando diversas fontes. Certamente, os amigos e colegas que lá estão realizando a exploração “in loco” farão suas respectivas coberturas e compartilhamentos muito mais ricos, precisos e detalhados nas inúmeras sessões de “Pós-NRF” que devem começar a eclodir e disputar a sua agenda nas próximas semanas. Para você que é profissional, gestor, empreendedor ou mesmo um entusiasta e curioso do setor de varejo, recomendo a participação em ao menos um ou 2 eventos de reporte de Pós-NRF para inspirar, oxigenar e se manter antenado e conectado com a vanguarda deste mercado tão apaixonante.
Como resultado deste meu levantamento e ponderação, listo abaixo 8 temas que deverão se repetir, chamar a atenção e prevalecer como principais pontos de atenção, reflexão e desenvolvimento para o varejo após o NRF de 2023. Para facilitar, os organizei em 3 grupos; Mercado, Pessoas e Lojas.
Mergulha comigo neste universo!
MERCADO
Este é sempre um panorama muito considerado na agenda do evento, pois é um olhar sobre como o setor tem impactado o mercado como um todo e como o varejo sobre influências do mercado. Aqui, destaque resumidamente apenas 2 temas para maior atenção, diante de todas as abordagens previstas na programação deste ano.
METAVERSO
Embora o tema possa parecer um tanto quanto desgastado e mesmo que venha sofrendo com grandes ruídos e dificuldades de uma compreensão madura e congruente pela fata de vivência e conhecimento de grande parte do mercado, não se engane. Este é um tema que chegou a pouco tempo por aqui, mas não deve abandonar as agendas tão cedo.
Para a edição deste ano a organização preparou uma sessão especial, concentrando startups especializadas para evidenciar a conexão do varejo com o mercado de games e apresentar novidades e inovações. Este espaço tem sido considerado uma das atrações mais animadas, empolgantes e que promete grandes e surpreendentes experiências aos participantes do evento. O Metaverso continua sendo considerado uma grande tendência para o varejo, seja como canal de venda como de comunicação, pois vai além da oportunidade de transacionar produtos e serviços (físicos, presenciais ou virtuais), mas também servirá como importante ponto de contato entre marcas e seus consumidores. Uma discussão que deve ser evidente no evento é sobre como o metaverso pode e deverá ser mais inclusivo para acelerar sua ascensão e sucesso. E o setor de moda virtual deverá ter uma visibilidade extra nestas abordagens, decorrente dos grandes e inovadores cases que já estão ativos e/ou estão sendo anunciados.
ECONOMIA CIRCULAR
Seguindo a vertente e amadurecimento de gerações e mercados na valorização moral e econômica de responsabilidades ambientais, sociais e de governança – ESG, em um processo acelerado e intensificado por influência dos impactos causados ao longo do período da Pandemia, a materialização e aplicação de modelos de economia circular tem conquistado maiores espaços, força e representatividade.
Afinal, após os últimos anos, não apenas a Geração Z, mas o público em geral teve diversas oportunidades e ameaças para repensar seu próprio modelo de consumo. O resultado disso é que agora, até mesmo as fast fashion (produções rápidas e em larga escala de roupas), estão aderindo à tendência.
Deve-se ouvir muito nas palestras, demonstrações, cases e painéis deste ano sobre como utilizar a loja física ou parte de seu espaço para contribuir com a redução de desperdícios e até de incentivo a trocas e reutilização de peças.

PESSOAS
Tradicionalmente o consumidor ocupa um ponto de destaque já há muito tempo na agenda do NRF. Afinal, com a evolução e amadurecimento dos mercados, o entendimento de que todo o esforço e investimento precisa estar voltado para quem compra e da máxima humanização dos processos, já virou um fundamento essencial no varejo, na comunicação, nas vendas e no marketing como um todo. Porém, este ano as abordagens tendem a transcender um pouco mais estas relações transacionais e comerciais.
VALORIZAÇÃO DAS PESSOAS
Um exercício a ser destacado neste ano deve ser sobre o lado humano dos envolvidos em todas as etapas do processo. Indo além da humanização de canais de comunicação e interação com consumidores. Mais do que se esforçar para conquistar mentes e corações para fidelizar clientes ou colocá-los no centro das estratégias. Tudo isto continua válido e carente de debates contínuos, por sinal. Porém um olhar especial deve ocorrer para as PESSOAS, antes de seus papeis, tanto fora quanto dentro do negócio.
Em tempos de uma retomada vigorosa de fluxo e vendas nas lojas físicas em paralelo a um sentimento de “Esgotamento generalizado” da overdose do digital e de conflitos geracionais entre formatos de trabalho remoto e presencial, além de movimentos como “quiet quitting”, observamos que consumidores querem interagir com gente. Que colaboradores querem se sentir reconhecidos, acolhidos e valorizados.
Culturas e lideranças precisam acelerar suas crises existenciais e transformações para que possam amadurecer rápido e entregar modelos de trabalho e de negócios com valores realmente significativos para todos. Do contrário, a produtividade, excelência e resultados podem ser colocados em xeque.
ASCENSÃO DA GERAÇÃO Z
O range de data não é preciso e varia conforme os estudos e autores. Considera-se membro desta geração os nascidos entre 1995 ou 1997 (conforme a fonte considerada) e 2010/2012.
Seus integrantes mais velhos estão atingindo novos estágios da vida adulta e a geração como um todo está conquistando maior poder aquisitivo e consumindo cada vez mais. Segundo o Mercado Livre, mais de 25% das vendas realizadas na Black Friday de 2022 pela plataforma de marketplace foram realizadas por consumidores nascidos entre 1995 e 2010.
Dados como este apontam que as marcas e varejistas precisam desaprender e reaprender muito sobre seus públicos, pois eles estão mudando. E isto acarretará fortes necessidades de investigação, adaptação e mudança com agilidade. Esta geração por exemplo está muito mais presente e realizando buscas no TikTok do que no Google.
Devemos observar muitas provocações nas palestras, estudos e proposições a serem apresentadas no NRF 2023, com ênfase na valorização das atitudes, valores e causas das marcas como ponto de congruência com esta nova geração e como as marcas tende a incorporar estes valores e causas em suas identidades para buscar maior conexão com seus novos públicos sem perder os anteriores. E como parte deste processo, sua presença, atividade e linguagem deve acompanhar as mudanças necessárias para “seguir” seus clientes, em uma inversão de comportamentos.
OMNICANALIDADE
O tema não é novo e segue a linha do foco no cliente e posicionar o cliente no centro das estratégias, como já foi muito discutido neste cenário. Os varejistas já entenderam há tepos que o cliente precisa ter a dus disposição o fácil acesso para ser atendido de modo continuado e inteligente pelo canal que preferir, quando bem desejar, seja físico ou digital.
Porém, sua relevância é crescente e tem se tornado mais fácil, mais prático e tangível com o avanço tecnológico.
Novas ferramentas e plataformas, somadas a tecnologias de IoT e IA que estão mais abundantes e acessíveis ao mercado estão acelerando e impulsionando o conceito para fora dos PPTs e planejamentos e multiplicando sua aplicabilidade.
O NRF deve ser palco mais uma vez de grandes debates sobre o tema, além da tendência de oferecer novas tecnologias e ferramentas que ofereçam maior amplitude, conectividade, robustez computacional e agilidade, tanto para a coleta de dados automatizados, processamento e tabulações com Inteligências artificiais e com aplicações de monitoramento em temo real e orientações de ações preditivas. Tudo isso para que o famoso “Customer-Centric” possa de fato funcionar na prática e em larga escala.

LOJAS FÍSICAS
Não tem jeito. O evento é sobre varejo. Os maiores players e cases são de varejistas. E mesmo com aplicativos, e-commerces, marketplaces, digital, metaverso e tudo mais, as lojas ainda são o centro das atrações. Ainda mais neste momento de retomada do tráfego às lojas físicas, “Revenge Buying” – a Compra da vingança, e volta do crescimento de abertura de novos lojas físicas pelas grandes redes. Porém, para que isto performe de modo efetivo e com condições de gerar vantagens competitivas reais, alguns pontos precisam ser observados de perto e com atenção profunda.
NOVO PAPEL DAS LOJAS FÍSICAS
Por um lado, as lojas físicas neste novo cenário passam a ser apenas mais um canal do sistema de distribuição de marketing das empresas mais amplo e ramificado. E em outra mão o ambiente da loja física tem se desdobrado para novos conceitos e aplicações. Tanto para valer a visita de seus consumidores, como para tornar o meio mais atrativo, competitivo e rentável.
A tendência aqui é que as marcas passem a reinventar suas lojas físicas em formato, atividade e propósito. As lojas devem se tornar verdadeiras pontes de experiência entre a marca e seus clientes. Até porque, se for apenas para realizar uma compra na era de pós-pandemia, já está muito sacramentado para grande parte dos consumidores que os canais digitais são excelentes alternativas cada vez mais usuais para esta função.
Nos últimos anos temos observado as lojas se transformando em dark stores, em cenário para Live Commerce, se transformando em postos avançados de retirada de produtos – Pick up Store, próprios e de parceiros e virando centros de consultorias e experimentação de produtos. Por sinal, já abordei este assunto por aqui. Você pode conferir clicando aqui.
Devemos ver muitos cases, exemplos e propostas de como empregar a loja física como instrumento de relação, interação e encantamento dos consumidores, com conteúdos, eventos, degustações, personalizações e muito mais. Embarcado nisso, a tecnologia terá um papel fundamental nisso. Então, debates sobre meios de pagamentos inteligentes e automações de maior conveniência para redução e eliminação de filas deve continuar sendo uma abordagem popular e de muita atenção. Afinal, tudo que aponta para a construção prática de lojas do futuro e envolve recursos tecnológicos, possui um Sexy Appeal diferenciado.
VAREJO DE VIZINHANÇA
Outra transformação da loja física está depositada sobre sua capacidade e forma de interação e integração com o ambiente local no qual está inserida. O varejo de vizinhança deve ser outro tema presente nos debates de praça, atendimento e inteligência de posicionamento e de mercado.
Até os últimos anos, os varejistas definiam o melhor modelo de expansão para o seu negócio, padronizava suas lojas e ampliava sua atuação replicando este padrão pela maior cobertura territorial possível, seguindo a priorização de mercados pelo potencial de público e seu consumo.
Porém, mais do que nunca aquele velho conceito de “pesar globalmente e comunicar/agir localmente” se faz valer. A nova tendencia para grandes e pequenos varejistas é apostar na diversificação de formatos de acordo com o perfil de público, cultura local e demandas de consumo. O crescimento e expansão da rede de lojas deverá considerar muito mais o entorno, suas comunidades e seu mix de produtos e categorias, repensados conforme as características e demandas de cada localidade.
Em 2023 o NRF deve propagar este conceito de que colocar o consumidor no centro da estratégia é atendê-lo localmente com a máxima conveniência e adaptabilidade. Para isso, troca-se os gigantescos estoques por mix menores, porém mais otimizados para um alto giro. E se houver a necessidade de um item fora do “comum local”, a rede poderá providenciar a entrega em domicílio com a agilidade de uma entrega competitiva, também. Deve-se falar bastante sobre o papel dos serviços como forma complementar de atratividade, interação e incremento de receitas.
SOLUÇÕES LOGÍSTICAS
Logística, embora muitas vezes escondida da frente de gôndola, é uma aliada essencial para a boa performance operacional de vendas de qualquer categoria varejista. Isso não é novidade. Porém, com o aumento da digitalização e da competição entre a concorrência, a logística tem sido levada a se reinventar para aprimorar suas entregas de valor para os diferentes modelos de negócios do varejo.
Este avança ganha ainda mais força com o emprego de novas tecnologias e a valorização dos dados e das informações. O que torna os impactos e as melhorias das cadeias de Supply Chain das empresas um ponto chave para sua competitividade no cenário atual e futuro.
Outro espólio herdado dos efeitos da pandemia foi o caos logístico global e consequentemente sua grande onerosidade. O que força ainda mais o setor a se transformar e gerar novas formas de economia e eficiência com a máxima eficácia.
Em 2022 este foi um tema que permeou diversas falas e não deve estar de fora do NRF 2023. Isso porque com uma operação enxuta, eficiente e veloz, o varejo consegue remanejar seus custos, prazos, volumes e preços para articular estratégias e campanhas de maior competitividade junto aos consumidores que estão cada dia mais exigentes por fretes baratos (quando não gratuitos), prazos menores de entrega e realizam comparativos constante de preço e entrega, entre os canais e concorrentes físicos e digitais. Inclusive muitas destas buscas comparativas ocorrem dentro das lojas físicas. Portanto, quem fizer o dever de casa e desenvolver sua eficiência logística terá um ou dois caminhões de vantagem nesta corrida.

TRACK BONUS
Para o desfecho deste artigo sinalizo ainda 4 temas que certamente estão presente amplamente na edição deste ano do Retail’s Big Show de Nova York, mas que são tão fundamentais que poderia dizer que servem de pano de fundo para tudo o que for apresentado e debatido no evento. Além de ser considerado como áreas de exercício e prática constante nas empresas.
TECNOLOGIA
Lembre-se trata-se de um evento de tendências, novidades e apresentações. Portanto, a tecnologia estará muito presente questionando o quanto o seu negócio pode ser beneficiado e o quanto sua relação com os consumidores pode ser melhorada com o emprego de novas tecnologias. Um recado para que as marcas não deixem de investir em tecnologia e corram o risco de se tornar obsoletas diante da concorrência. O cenário tecnológico exige que marcas e gestores estejam atentos a tudo o que está acontecendo, independente do fôlego de investimento e tamanho do negócio.
Mais do que ser tecnológico, as marcas, empresas e gestores precisam assegurar o seu alto nível de maturidade digital. Salvo suas proporcionalidades, as empresas precisarão ter consciência do seu estágio e o compromisso em desenvolvê-lo para continuar competindo e crescendo diante de um cenário onde consumidores e concorrentes estão amadurecendo digitalmente com grande velocidade.
SUSTENTABILIDADE
Responsabilidade ambiental e sustentabilidade já não são mais tendências há alguns anos. Se tornaram uma necessária realidade. Devemos ver provocações, cases e debates sobre a atualização dos valores e atitudes das marcas de forma autêntica e sobre como evitar as práticas de greenwashing. Assim como diferentes entendimentos a respeito do ativismo das marcas ligadas a causas sociais, políticas, mas principalmente de sustentabilidade ambiental.
OPERAÇÃO ENXUTA
Discussões sobre como cortar os excessos e tornar a operação mais enxuta são sempre muito apreciadas. E farão ainda mais sentido nos cenários de caos logístico, maior exigência dos consumidores, necessidade de maior integrabilidade e eficiência operacional. Reconfigurar o sistema de distribuição cortando alguns intermediários, pode ser alternativas para algumas empresas e para alguns modelos de negócios. As vendas ao vivo – Live Commerce, os mixes reduzidos e otimizados e a evolução das ofertas sob demanda com maior conveniência são exemplos de que esta reconfiguração é possível, viável e funcionalmente rentável em muitos casos
Como todo ano, aposta-se que essa NRF seja histórica, memorável e marque o lançamento e divulgação de grandes tendências para o mercado varejista global. E por ser a edição que robustamente promete tantas novidades neste momento de pós-pandemia, temos pela frente 3 dias de muito conteúdo, reflexões e provocações que poderão contribuir com o entendimento de quem estará na linha de frente e quem estará na retaguarda nos próximos capítulos. Quem sabe poderá orientar a próxima pauta de cases e estudos de sucesso e de fracasso de futuras edições do NRF.
Tecnologias, comportamentos, práticas e tendências serão pautadas em cima de uma grande certeza: A de que a experiência do cliente continua sendo o foco de todas as atenções. Fique de olho nas coberturas e principalmente nos reportes compilados de Pós-NRF que acontecerão aos montes nas próximas semanas e sinta-se livre para voltar aqui para comentar e incrementar eventuais faltas, falhas e corroborações.
Que esta seja mais uma edição guia para mais um ano de muito AVANÇO de um varejo ainda mais inteligente, tecnológico e inovador para todos.
Escrito por Alexandre Conte.
Artigo publicado originalmente em minha Newsletter do Linkedin. Clique no botão ao lado para assinar e acompanhar outras publicações como esta que saem primeiro por lá, no Lilnkedin e depois são publicadas aqui no blog.