O Hype Circle e o Multiverso da Produtividade Tecnológica
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O Doutor Estranho é uma das personagens mais curiosas e interessantes dos Vingadores e do universo dos quadrinhos, agora também, do cinema. Embora fuja do estereótipo de super-herói com superpoderes especiais, superforça ou outras características típicas, é um mago que utiliza magia para protagonizar suas aventuras, desvendando mistérios e explorando possibilidades em diferentes momentos do tempo e em universos paralelos, abrindo seus portais circulares e com a ajuda da Joia do Tempo, uma das 6 Joias do Infinito, peças-chaves no MCU.

Trouxe o Doutor Estranho para ilustrar a temática deste artigo, pois além trabalhar constantemente com seus círculos mágicos, Stephen Strange tem a capacidade de olhar, explorar e prever diferentes possibilidades ao longo do tempo, direcionando a condução pelo caminho mais adequado para seus objetivos.
Desta forma, a analogia com o papel e objetivo do Hype Cycle conceituado pelo Gartner nos faz pensar em como devemos considerar, ponderar, planejar e agir diante do momento e do futuro potencial de cada tecnologia, como a dos assistentes virtuais, por exemplo.

Os assistentes virtuais têm sido uma das tecnologias mais comentadas nos últimos anos e em especial, nos últimos meses depois de todo o “hype” gerado com o lançamento da versão 3 do Chat GPT. E como qualquer tecnologia emergente, eles também passam por um ciclo de vida conhecido como o “Hype Cycle“.
O Hype Cycle é uma representação gráfica desenvolvida e utilizada pelo Gartner para ilustrar e comparar a maturidade, adoção e aplicação social de tecnologias ao longo de um ciclo de vida particular. Este ciclo de vida descreve o progresso da evolução da maturidade, volume de adoção e de aplicabilidade tecnológica em cinco diferentes fases específicas distribuídas em uma matriz que une nível de visibilidade e evolução ao longo do tempo:
- Gatilho de Inovação,
- Pico de Expectativas Infladas,
- Vale da Desilusão,
- Inclinação da Iluminação e
- Platô de Produtividade.

Conheça os 5 estágios do Hype Cycle do Gartner
Hype é um termo em inglês usado para descrever uma grande empolgação e entusiasmo com algum assunto. É como algo que está na moda e recebe uma grande atenção, gerando ainda mais curiosidade e especulações. O Ciclo do hype de uma tecnologia emergente, segundo os estudos do Gartner, faz com que elas sigam uma mesma lógica e sequência. Evidente que nem todas as tecnologias chegam a atingir os estágios mais avançados. Muitas vezes “morrem” ou se tornam obsoletas logo após mergulharem no vale da desilusão. Usando a tecnologia de assistentes virtuais como exemplo, vamos explorar a evolução pelas etapas deste ciclo.
O Gatilho de Inovação é a primeira fase do Hype Cycle, onde uma nova tecnologia é lançada e apresentada ao público. No caso dos assistentes virtuais, o gatilho de inovação foi o lançamento da Siri, da Apple, em 2011. A Siri foi um dos primeiros assistentes virtuais a utilizar a tecnologia de reconhecimento de voz para ajudar os usuários a executar tarefas, como enviar mensagens e agendar compromissos.
O Pico de Expectativas Infladas é a segunda fase, onde a tecnologia é amplamente divulgada, difundida e quando as expectativas que envolvem suas competências e transformações são infladas. Durante esta fase, as pessoas e os mercados começaram a acreditar no potencial da nova tecnologia. No ocaso dos assistentes virtuais, como eles poderiam ser aplicadas e substituir completamente a interação humana, tornando a vida mais fácil e conveniente.
No entanto, logo depois vem o Vale da Desilusão, que é a terceira fase do Hype Cycle. Durante esta fase, as expectativas iniciais são frustradas e as pessoas percebem que os assistentes virtuais ainda têm limitações significativas. O reconhecimento de voz pode ser impreciso, e os assistentes virtuais ainda não conseguem entender nuances sutis da linguagem humana. Então, o que era uma grande empolgação se torna uma forte frustração diante da ansiedade e expectativa de um potencial deixado de lado. O que leva a tecnologia para o estágio mais famoso deste modelo, o Vale da Desilusão.
A Inclinação da Iluminação, por sua vez, é a quarta fase. Nela, as pessoas começam a entender as limitações da nova tecnologia e passam a desenvolver expectativas mais realistas. As empresas fabricantes trabalham para desenvolver e melhorar a tecnologia. No caso dos assistentes virtuais, a melhoria se deu em suas habilidades e no sistema de reconhecimento de voz. Diante disso, os usuários começam a explorar novas maneiras de usar a tecnologia, que volta a se popularizar.
Finalmente, a quinta fase do Hype Cycle é o tão desejado e buscado Platô de Produtividade. Nesta fase, os assistentes virtuais são amplamente adotados e integrados em nossas vidas cotidianas. As empresas de tecnologia continuam a desenvolver novos recursos e habilidades, mas a tecnologia passa a ser considerada uma parte essencial de nossas vidas.
Os assistentes virtuais já percorreram um longo caminho desde o lançamento da Siri em 2011. Atualmente, a tecnologia é amplamente adotada e usada em diversos setores, desde assistência à saúde e emergência até orientações e atividades financeiras. À medida que a tecnologia continua a evoluir, podemos esperar ver novos avanços e recursos que tornam nossas vidas ainda mais convenientes e eficientes. Pergunte-se quando passou a utilizar os serviços da Alexa em casa e a utilizar comandos de voz para a Siri ou o Google Assistant de seu celular.

Vantagens obtidas por tecnologias emergentes que atingem o Platô de Produtividade e seus benefícios.
Ao atingir o Platô de Produtividade, uma tecnologia se tornou madura o suficiente para explorar todo o seu potencial, oferecendo a máxima eficácia com grande eficiência. Ao chegar a este ápice, uma tecnologia oferece um conjunto especial de vantagens e benefícios;
Maturidade e estabilidade: A tecnologia atingiu um estágio avançado de desenvolvimento e é considerada madura e estável. Isso significa que a tecnologia tem poucos bugs, falhas e limitações, tornando-a confiável e fácil de usar.
Eficiência aprimorada: Uma tecnologia madura é altamente eficiente, o que significa que pode processar tarefas rapidamente e com precisão, sem exigir muita intervenção humana. Isso pode economizar tempo e recursos, permitindo que os seus usuários se concentrem em outras tarefas de maior importância.
Maior produtividade: Com a tecnologia atingindo sua eficiência máxima, seus usuários podem realizar mais tarefas em menos tempo. Isso pode contribuir significativamente com a melhora e aumento da produtividade geral e ajudar a reduzir os custos operacionais.
Melhor integração: Uma tecnologia que está no Platô de Produtividade se torna mais fácil de integrar com outras tecnologias, outros sistemas, plataformas, hábitos e comportamentos. Isso porque se torna popular, desejada e abundante no mercado. Logo, faz muito sentido que seu ecossistema se reconfigure para maior integração e benefícios. O que permite que os usuários aproveitem ao máximo suas funcionalidades e recursos, bem como aprimorar a interoperabilidade entre diferentes sistemas.
Segurança melhorada: Ao amadurecerem comercial e tecnicamente, as tecnologias se tornam menos vulneráveis em comparação com tecnologias mais novas e menos maduras. Isso ajuda a garantir que os dados críticos, suas funcionalidades e credibilidade estejam protegidos contra ameaças cibernéticas e outros tipos de ataques.
Maior aceitação: Com a tecnologia atingindo o Platô de Produtividade, ela se torna mais amplamente adotada pela indústria e pelas pessoas, o que ajuda a aumentar a familiaridade do usuário com a tecnologia e criar uma base de usuários ainda mais ampla, tornando-a um padrão de mercado.
Em resumo, uma tecnologia que atingiu o Platô de Produtividade tem a vantagem de ser altamente eficiente, estável, segura, fácil de usar e integrar, o que pode levar a uma maior produtividade, redução de custos operacionais e melhoria geral da eficiência operacional.

Tendo a consciência desta jornada pelo Hype Cycle se torna uma grande vantagem econômica e operacional compreender o ritmo que cada tecnologia navega por este ciclo, assim como identificar quais tecnologias possuem potencial para atingir o Platô de Produtividade e o momento mais esperado para isso.
São estudos sobre esta evolução que explicam por exemplo a diferente reação, expectativas, entusiasmos e investimentos diante de tecnologias como Visão Computacional, com atingimento do Platô de Produtividade em menos de 2 anos. Explica também a rápida substituição de atenção, entusiasmo e especulações sobre o Metaverso, uma tecnologia que ainda está na etapa de Gatilho de Inovação e que não se espera que atinja sua maturidade máxima em menos de 10 anos, por toda a atenção e curiosidade voltada para as Inteligências Artificiais Generativas, uma tecnologia que acabou de fazer a transição da primeira para a segunda etapa do Hype Cycle, a do Pico de Expectativas Infladas, além de ter uma expectativa de atingir o platô entre 5 e 10 anos.

Portanto, ao olhar para todas as novas tecnologias que nos cercam diariamente, imagine que existe um grande multiverso de possibilidades que as levam para um estágio mais avançado de produtividade. E que a consciência racional sobre quais atingirão este momento antes das demais ao invés das empolgações e expectativas emocionais. Investimentos e decisões de adoção por exemplo devem levar isto em consideração para calibrar a assertividade, o sucesso e a prosperidade de negócios e carreiras.
Portanto, a dica é fazer como o Doutor Estranho, ficar sempre de olho nos diferentes futuros que temos pela frente. Sem os seus livros “sagrados” e sem a joia do tempo, nos resta observar os comportamentos e indícios do mercado e manter a leitura em dia dos estudos do Gartner sobre o Hype Cycle e a evolução das diferentes tecnologias posicionadas nele, conforme ilustrado na imagem acima.
Escrito por Alexandre Conte.
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