EQUIPES DE SUCESSO SUSTENTÁVEL – PARTE II: A Formação
Neste segundo artigo sobre Equipes de Sucesso Sustentável vou apresentar uma formação guia para a composição de equipes, de modo que possam performar, alcançar o sucesso e ainda assim permanecerem produtivas e com alto desempenho ao longo do tempo. Fugindo assim do colapso que atinge as equipes vencedores pouco tempo depois, das mais brilhantes às mais empenhadas. É um fato que se faz frequentemente presente em diferentes cenários, do esportivo ao corporativo. Evidente que não tenho a pretensão de decretar este como um único meio de compor equipes de sucesso continuado. Mas, diante de minhas experiências e observações ao longo do tempo, atuando em diferentes mercados, posso depositar minha convicção de que boa parte do sucesso contínuo está no perfil dos profissionais que compõem a equipe, assim como na proporção e posicionamento da sua diversidade.
Vou apresentar a seguir 4 perfis de profissionais que complementam a visão apresentado no primeiro artigo desta série, o “Equipes de Sucesso sustentável – Parte I: A concepção”, no qual abordo a liderança e alguns aspectos a serem considerados para a criação da equipe. Se você ainda não leu, clique aqui e acesse o primeiro artigo desta série.
Estes são 4 perfis que toda organização possui. Independente da proporção e quantidade. Eles estão lá, presentes, sejam em evidência ou não.
O ASTRO
Este é o perfil idealizado por todos. É o profissional que toda organização almeja, que todo gestor procura e que todo profissional gostaria de ser. Arrisco dizer até que, é o perfil que a grande maioria das pessoas se auto intitula e se identifica. Porém, estes são profissionais raros e difíceis de encontrar. Além do fato de que se já estão prontos no mercado, irão custar bem mais. Porém, sua alta produtividade e ótimo relacionamento com as pessoas o torna um modelo exemplar. Capaz de realizar grandes e rápidas entregas de resultados causando um grande impacto positivo da equipe. Pois é articulado e eficiente em tudo o que faz. É o profissional a ser seguido e que estimula os demais a evoluírem.
Mas convenhamos. Embora ideal, a ideia de ter um time formado apenas por astros é algo utópico. Pois, como já mencionei. Eles são escassos no mercado. Elevam as despesas e servem de exemplo para inspirar a todos. Embora a vontade e procura seja enorme, dificilmente você ou sua empresa conseguirão montar times apenas com astros. E mesmo que consiga, arrisco dizer que não são profissionais moldados para serem homogêneos. Parte do combustível de seu perfil, vem do impacto e do reconhecimento que são capazes de gerar e de receber. Um time formato plenamente por astros, tende a desmoronar depois de algumas conquistas. Pois a competitividade deles tente a se tornar uma rivalidade não muito saudável ao longo do tempo. Por isso, aponto que sua dose precisa ser calculada de acordo com o tamanho do time e devem ser posicionados estrategicamente pela estrutura da equipe.
O EXTERMINADOR
O exterminador é aquele profissional altamente produtivo que chega muitas vezes a ser confundido com uma máquina, de tão preciso, ágil, eficiente e eficaz em suas rotinas. É o que os mais antigos denominavam como “tratores”. Você certamente já deve ter ouvido algo parecido com: “A Mariana e o Walter trabalham quem nem tratores.” São aqueles profissionais altamente produtivos, mas que possuem uma fraqueza similar às máquinas e tratores. São excelentes para o cumprimento das suas tarefas e responsabilidades. Porém, pecam no quesito humano. Geralmente não se relacionam muito bem com os outros membros da equipe, pois consideram que seu objetivo é garantir a entrega de seus resultados e não fazer amizades.
Este também é um profissional muito procurado no mercado devido ao seu alto desempenho. Bem mais abundante do que os Astros, principalmente em áreas e funções mais técnicas que exigem conhecimentos e/ou habilidades mais específicas. Mas como possivelmente você já deve ter vivido ou presenciado alguma situação de atrito, estes são profissionais que causam pouco impacto positivo na equipe e até mesmo um impacto negativo em grande parte dos casos. Pois sua objetividade e lógica apurada confrontam a boa convivência com as pessoas mais sociáveis.
Este impacto negativo tende a ser ainda maior quando um Exterminador assume uma posição de liderança. A menos que seu squad seja formado também por exterminadores, as relações humanas serão um problema para a continuidade das atividades conjuntas da equipe.
O GASPARZINHO
Já o Gasparzinho é o inverso do perfil Exterminador. Sua maior habilidade é justamente a relação interpessoal e sua capacidade de influenciar positivamente o restante da equipe. Embora seja capaz de realizar grandes entregas, sua produtividade não é regular o suficiente para ser considerada uma característica marcante. Geralmente seus grandes resultados estão nas ações que envolvem todo o time. Pois atua muito bem articulando as necessidades e especialidades entre os membros.
O perfil Gasparzinho, é um perfil muito útil tanto para assessorar Exterminadores, suprindo sua carência de carisma e dificuldade em impactar positivamente os membros da equipe, quanto para conectar lideranças e diferentes squads de forma engajada e sincronizada. Pode auxiliar muito na resolução de conflitos de interesses e atritos entre profissionais, squads e setores.
O ZUMBI
O quarto e último perfil é o Zumbi. Este é o perfil que se encontra no pior quadrante, oferecendo baixa produtividade e impacto negativo no restante do time. Isso porque sua interação pessoal e suas entregas são ruins e irregulares. Evidentemente que os Zumbis não são contratados assim. Nenhum Zumbi entra zumbi em uma organização. Ele é contaminado depois do que entra. Sobre esta contaminação abordarei no último artigo desta série. Mas o que podemos compreender por enquanto é que todo Zumbi já foi um Gasparzinho, um Exterminador ou mesmo um Astro um dia.
Sabendo disso, é importante saber avaliar se sua recuperação é possível ou não. Pode ser que um Exterminador tenha se tornado um Zumbi por ter sido alocado em funções diferentes de suas melhores habilidades ou por ser um Gasparzinho neutralizado por um número muito maior de Exterminadores. Um Astro em decadência também pode se tornar um Zumbi. O que a liderança precisa fazer rapidamente após identificar um Zumbi é saber se pode recuperá-lo, realocando, oferecendo-lhes novas funções ou mesmo remotivando-o. Do contrário, sua eliminação se fará necessária para a garantir a sustentabilidade do sucesso da equipe.
Na matriz ao lado, ilustro os 4 perfis classificando-os pelos quadrantes de intersecção entre maior e menor produtividade e maior e menor impacto positivo na equipe. Caberá ao líder a missão de desenvolver os diferentes perfis de seus profissionais, para que possam evoluir dirigindo-se para cima e para a direita, a caminho de torná-los novos Astros. Quanto maior o número de Astros que uma equipe for capaz de formar, mais forte ela se tornará ao longo do tempo.
Na minha palestra que leva o mesmo título desta série de artigos, descrevo mais detalhadamente sobre as combinações possíveis na formação de equipes e seus subgrupos, os famosos squads. Mas, na ilustração abaixo podemos observar algumas destas variações de formação. Nos quais fica evidente a preferência de posicionar os Astros como líderes de Squad, assim como é ideal que tenhamos um líder neste perfil, também. Mas observem o exemplo do Squad 4, onde o seu Head é um Exterminador. Este perfil obtém sucesso como líder, quando todos os membros comandados também são exterminadores e ele possui um Gasparzinho como staff. Pois a equipe irá se espelhar no líder pelo exemplo de produtividade e sua influência passa a ser positiva com a ajuda do Gasparzinho que atua neste modelo como um elemento de ligação entre os indivíduos convertendo comandos e metas duras em inspiração para todos.
Evidente que dentro de cada perfil existem níveis de produtividade e influência. O ambiente e cultura organizacional também são variáveis importantes para esta equação e permite variações de empresa para empresa e de profissional para profissional. Porém o que deve ser combatido em todos os cenários é a constituição de times como o ilustrado no “Squad of Death”. Nele temos um Head de squad exterminador, que precisará levar o time todo nas costas e com uma influência de impacto negativo sobre os membros que não são produtivos e que certamente não se conectarão com o ritmo e exigência do Exterminador. Dificilmente uma formação como esta conseguirá se reestruturar sozinha e evidentemente terá resultados muito ruins. Cabe a gestão identificar e neutralizar configurações como esta. Seja eliminando o Squad ou realocando os profissionais onde possam melhor performar e evoluir.
No próximo artigo desta série vou apresentar questões ligadas ao ambiente da organização, provocações aos profissionais e gestores, além de trazer alguns elementos chaves para que times de sucesso possam ser formados e que resultados satisfatórios possam ser constantes e possam ocorrer com fluidez e naturalidade.
Escrito por Alexandre Conte.